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AS DIFICULDADES ,MESMO AS MAIS INESPERADAS, SÃO SEMPRE TEMPORÁRIAS: este é um dos grandes lemas dos chineses. 

O primeiro chinês que eu conheci na minha vida foi, por volta de 1998 ou 1999 e chamava-se Jin. O Jin nasceu e vivia nas zonas rurais. tinha a sua bicicleta e pedalava uma média diária de duas horas para o trabalho e outras duas para regressar a casa. Esta situação era comum na China para centenas de milhões de chineses, pois a bicicleta era praticamente o único meio de transporte que existia na China. O Jin tinha um sonho, comum a quase todos os chineses: o American Dream. Todos os chineses achavam que os Estados Unidos era um país fantástico e pleno de oportunidades para quem quisesse trabalhar. Aliás a tradução de Estados Unidos da América em mandarim é Meiguo (Mei significa belo e Guo País), que significa “belo país”. O que ajuda o fascínio que o chinês comum e homem de negócios sente e tem pelo estado norte-americano e o motivo pelo qual praticamente todos querem viver e trabalhar nos Estados Unidos. 

Jin, como muitos chineses, concretizou esse sonho em 1999, ano em que vai para Las Vegas com a família. A partir deste ano criou um negócio de importação de  cachemiras da China, acabando por se tornar milionário devido ao trabalho árduo e espírito empreendedor que tinha. Jin realizou o Sonho Americano: comprou uma casa enorme com piscina, vários carros, ia jantar e almoçar fora a restaurantes de luxo e tinha uma vida social ativa .A vida de Jin passou de sonho para um pesadelo em 2008 quando se deu a crise financeira internacional.: perdeu tudo o que tinha conquistado e teve que conduzir um táxi todos os dias e a mulher foi trabalhar nas limpezas num hotel na Califórnia. No entanto, não desistiram e continuaram sempre à procura de novas oportunidades e foi assim que, depois de saber as dificuldades por que passavam resolvi ligar-lhe ainda nesse ano de 2008, pois tínhamos ficado amigo e chegámos a concretizar vários negócios juntos. A conversa foi mais ou menos como o que se encontra descrito abaixo:

Isabel: “Jin, soube o que se passa, como é que vocês estão?”

Jin: “Estamos óptimos Isabel!”

Isabel: “Estão óptimos? Fico contente por ouvir isso. Então e a crise?

Jin: “A crise foi a melhor coisa que nos aconteceu! Sabes como se diz crise em Mandarim Isabel?

Isabel: “Sim, sei: Weiji”

Jin: “Sabes o que significa?”

Isabel: “Sei, significa perigo com oportunidades”

Jin: “Então, é nas fases de perigo que surgem as melhores oportunidades”

Passado poucos anos, fui a Xangai e sabia que ele já tinha voltado para a China, devido às mensagens que ele mandava via Wechat, a versão chinesa do WhatsApp. Em 2016 encontro-me com o Jin e a sua esposa, numa esplanada de um Starbucks num edifício super luxuoso numa zona moderna, limpa em Xangai. E numa das conversas que tivemos nesse dia, o Jin diz-me: “Isabel antigamente não existia nada disto!”.

E achei engraçado. Então, olhei para ele e pensei para comigo: “Antigamente na China é há quinze ou vinte anos!”. Atualmente, penso que os chineses no geral e o Jin em particular, olham para isto, para tudo o que nós estamos a passar e encaram esta pandemia de forma diferente de nós, ocidentais: a Pandemia e a crise económica despoletada pelo COVID-19 é um grande conjunto de oportunidades.

Esta forma diferente de encarar as crises como oportunidades, é dos traços mais identificativos que existe no povo chinês, incluindo nos chineses que eu conheço, ou seja, com conhecimento de causa. Então não se esqueçam, pode ser uma lição  nunca desistam ou esmoreçam e não se esqueçam do significado de “Weiji: Perigo e Oportunidades””.

Vamos agarrar este perigo e transformá-lo em óptimas oportunidades para nós! Vamos a isso?

Acredito que sim!

Isabel Figueiredo Paula